Depois da saída de Bernard do Atlético Mineiro, o atacante Carlos, de 18 anos, natural de Santaluz é a nova aposta do clube.
Já aos 15 anos, no ano seguinte à chegada ao clube, fez 28 gols pelo juvenil. Carlos é considerado uma joia rara, cuja lapidação foi brevemente interrompida com o chamado do técnico Cuca para integrar o grupo de profissionais. Porém, na última semana, após a chegada de Fernandinho e de Dátolo, Carlos voltou aos juniores, para reforçar a equipe que disputou a Taça BH de Futebol Júnior. Como esperado, o centroavante foi destaque e marcou cinco gols na competição. O Galinho acabou eliminado pelo Fluminense, nos pênaltis, nas quartas de final.
Carlos sempre foi precoce. Deu os primeiros passos no futebol ao disputar um torneio em Santos. Descoberto pelos mesmos olheiros de Robinho e Neymar, Carlos fez nove gols em dois jogos, diante de meninos que tinham dois anos a mais. Ao contrário das revelações santistas famosas, o atacante desembarcou em Vespasiano, levado por seu procurador e aprovado por André Figueiredo, diretor das categorias de base do Atlético-MG.
Em 2012, ele disputou o Campeonato Brasileiro. Já tinha ido para a Copa São Paulo, em janeiro, e já foi artilheiro do clube na Copa Brasil Sub-20. Era o jogador mais novo do elenco, mas não se amedrontou com a torcida nem com a pressão dos adversários.
Rogério Micale, atual treinador dos juniores do Atlético-MG, foi quem subiu o jogador para a categoria que antecede aos profissionais. Com apenas 15 anos, Carlos chegou aos juniores com um ano a menos que o normal.
Micale explicou que a comparação com Bernard surgirá, já que o ex-camisa 11 do Galo marcou história no clube, por conta da conquista da Taça Libertadores e por ter sido a maior venda da história do Atlético-MG, cerca de R$ 76 milhões. Micale traçou, pelo menos em campo, as diferenças entre Bernard e Carlos.
- São características diferentes. Bernard é meia-atacante de muita habilidade e joga pelas beiradas. O Carlos é matador, faz muitos gols. Joga nas beiradas, sabe jogar por dentro, tem grande posicionamento, tem muitas variações.
Para o atual treinador de Carlos, que disputou a Taça BH de Juniores, fica o lamento por ter perdido jogador, mas também o orgulho por ver um pupilo em formação se consolidar como profissional.
- Claro que lamento por perder um jogador importante como ele, mas, pela formação, fico feliz por ver a continuidade da carreira dele. Temos que dar um tempo a ele, porque subiu antes mesmo do Bernard aos profissionais, logo no primeiro ano de juniores. É um talento precoce, mas é novo, e temos que ter cuidado com cobranças exageradas. Trabalhei com ele e sei do potencial. Tanto de uma futura venda, quanto de dar títulos.
No dia 10 de agosto, diante do Náutico, Carlos teve a chance de entrar no time profissional, aos 18 minutos do segundo tempo, em substituição a Rosinei. Mas, nos minutos em que ficou em campo, não teve nenhuma chance de gol e atuou pelo lado direito, onde travou bom duelo com Dadá e Leandro Amaro. Chegou a fazer tabela com Ronaldinho Gaúcho. Aquele dia ficará marcado para sempre na memória do tímido jogador.
- A expectativa em estrear era muito grande. Graças a Deus, deu tudo certo. Só por ter jogado ao lado de Ronaldinho Gaúcho, que é um ídolo desde os tempos de Barcelona, já foi bom.
Logo quando deixou o campo, na Arena Pernambuco, Carlos parecia aéreo, sem acreditar no que acabara de passar. Em uma das mãos, uma camisa do Galo, dentro de um saco plástico.
- Vou guardar essa camisa. Foi a que joguei pela primeira vez como profissional. Vou pedir autógrafo para o Ronaldinho e colocá-la na parede. Vou ainda gravar esse jogo para ter como lembrança, disse Carlos, sem esconder o sorriso e a felicidade pelo sonho realizado.
O atacante revelou que, quando a mãe, na Bahia, soube que ele havia sido relacionado pela primeira vez para um jogo profissional, não conseguiu conter a emoção.
- Minha mãe me ligou e, quando contei, chorou muito. Espero que tenha mais oportunidades.
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Bernard e Carlos
(Globoesporte)