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As
crianças, uma menina de um ano e três meses e quatro meninos -de sete,
cinco, quatro e dois anos-, foram retiradas de casa em junho do ano
passado através de uma liminar para adoção e encaminhados a famílias
diferentes do Estado de São Paulo.
De
acordo com o coordenador do Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e
do Adolescente (Fórum DCA/Bahia), Edmundo Ribeiro, apesar de o caso ter
sido iniciado em 2011, somente há dois meses os órgãos de defesa dos
direitos de crianças e adolescentes receberam a denúncia de moradores da
cidade.
Desde
a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, a situação de
pobreza de uma família não é motivo para retirar as crianças de seus
lares, disse Ribeiro ao UOL. As crianças foram retiradas dos pais em
dois momentos.
Primeiro,
levaram a caçula recém-nascida, que é filha de outra relação de
Silvânia com José Mario de Jesus Silva, mas vivia com o casal. Em uma
segunda intervenção, levaram os demais. O filho mais velho do casal
ainda tentou fugir, mas foi encontrado e encaminhado para São Paulo.
Pareceres não eram pela adoção
A
decisão da Justiça se baseou em laudos sobre a situação da família
elaborados pelo Conselho Tutelar e pelo Centro de Referência
Especializada da Assistência Social (Creas), ambos de Monte Santo.
Em
vez de retirar as crianças, a Justiça e o Estado tinham que dar
condições para que os pais vivessem com seus filhos, afirmou Ribeiro.
Segundo
informações do Cedeca, o laudo se resumia a apenas metade de uma página
e destacava que, na visita, uma criança acordou com fome e que a mãe
deu leite. Informava também que o banheiro da casa onde as crianças
moravam ficava na parte externa.
Apoio da polícia
Os
pais estão desesperados. Eles são pobres e com baixa escolaridade e
estão tendo que enfrentar juízes, advogados, o Estado. As famílias que
adotaram as crianças são ricas e têm bons advogados, afirmou Ribeiro. O
coordenador do Fórum disse que as crianças foram retiradas na ausência
do pai, com apoio da polícia.
Ao
saber do ocorrido, o pai das crianças foi até o Conselho Tutelar da
cidade. Ele dizia que os filhos dele não eram filhos de urubu para serem
levados desta forma. Ele perdeu o controle e assustou as conselheiras,
que chamaram a polícia, disse Ribeiro. Ele foi preso, e a fiança para
ser solto foi de R$ 5.000. A família vendeu a casa dos avós para
soltá-lo.
Segundo
informações do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de
Roussan (Cedeca-BA), cujos advogados estão acompanhando o caso, o
processo, que corre em segredo de Justiça, estava parado e só teve
andamento em junho. Com o processo novamente em curso, os pais e avós já
foram ouvidos. No próximo dia 8 de outubro, será realizada uma nova
audiência.
O
coordenador executivo do Cedeca, Valdemar Oliveira, informou que os
irmãos foram separados e divididos entre quatro famílias paulistas. O
Estatuto da Criança e do Adolescente deixa claro que a pobreza não é
motivo por si só para se promover a adoção. Eles foram divididos, e isso
é irregular, fere a lei da adoção. Estamos tentando reverter o
processo. Fizeram o pedido de liminar de guarda provisória sem que os
pais fossem citados para se defender. Essa liminar foi legitimada pelo
Ministério Público da Bahia, diz.
Mulher suspeita
Coordenadores
do Cedeca e do Fórum suspeitam de uma mulher conhecida como Galega, que
frequenta a cidade à procura de pais que queiram entregar seus filhos
para a adoção. Ela estaria sempre acompanhada do marido, de
nacionalidade alemã. Essa mulher teve contato com os pais dessas cinco
crianças e eles recusaram. Mas desconfiamos que ela de alguma forma
ajudou, disse Oliveira.
A
mulher, identificada apenas como Carmen, é apontada como aliciadora e
teria casa nas cidades baianas de Pojuca e Lauro de Freitas. Segundo
relato da mãe das crianças, em maio de 2011, Carmen a teria procurado,
perguntando se não queria encaminhar os filhos para a adoção, mas
Silvânia recusou. Em seguida, a mulher teria feito uma denúncia no
Conselho Tutelar.
Eu
acho que esse caso pode ser a ponta de um iceberg. Ficamos sabendo que
essa mulher já atua há alguns anos assim. Podemos estar diante de um
grupo que promove adoção irregular, disse o coordenador do Cedeca.
Outro lado
Através
da assessoria de comunicação, o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
(TJ-BA) informou que desde o mês de julho de 2012, os processos citados
estão sendo acompanhados e reavaliados.
A
pedido do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca),
segundo a assessoria, a Justiça está revendo os casos e ouvindo os pais
biológicos das crianças adotadas. Foram solicitados também relatórios
sociais aos juízes das Comarcas onde residem as crianças atualmente.
Os
relatórios vão apontar a real situação dos menores nas casas dos pais
adotivos e informar se as crianças estão bem tratadas e adaptadas,
informa a assessoria.
Questionada
sobre o laudo que facilitou a adoção, Ana Daria Pereira, uma das cinco
integrantes do Conselho Tutelar, diz que só poderá falar sobre o caso
com autorização da Justiça. Tudo o que foi feito está na promotoria, e a
gente não pode adiantar nada sem ordem judicial. Nós não temos nada a
esconder, disse.
A
coordenadora do Creas de Monte Santo e presidente do Conselho Municipal
dos Direitos da Criança e do Adolescente da cidade, Juliana Pinheiro,
foi procurada, mas o UOL obteve a informação de que ela está de férias.
A
assessoria do Ministério Público da Bahia informa também que, devido ao
processo correr em segredo de Justiça, o promotor de Monte Santo,
Carlos Augusto Machado de Brito, não comentará o caso.
Da Redação.
Fonte: Montesanto.net - Uol - Fantástico